Lisboa, a capital Tech do momento.
Antes considerada um dos retratos da crise que assolou Portugal no início da década, Lisboa agora desponta como um dos mais vibrantes celeiros de startups da Europa.
A ascensão do ecossistema local pode ser vista na multiplicação de centros de empreendedorismo, redes de investidores e políticas de incentivo à inovação. Impulsionada por baixos custos operacionais e altos índices de qualidade de vida — incluindo praias convidativas para o surfe, acessíveis a curtas viagens de carro —, a capital portuguesa se consolida como uma das principais portas de entrada para o mercado europeu.
Além de revitalizar a economia, a nova cena de tecnologia tem incentivado empreendedores do mundo inteiro a se estabelecer no país. Entre os diversos idiomas falados nos coworkings locais, o sotaque brasileiro é particularmente recorrente.
Programas de Incentivo
Para azeitar a instalação de novas empresas de tecnologia em Lisboa, a prefeitura tem investido em diversas iniciativas de apoio a negócios digitais. Os programas incluem bolsas de pesquisa, ciclos de aceleração e plataformas de investimento. Um dos principais exemplos é o Startup Lisboa. Resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal, a Agência para a Competitividade e Inovação Portuguesa e o banco Montepio, a incubadora já apoiou mais de 280 startups. Juntos, esses negócios já receberam cerca de € 80 milhões em investimentos e geraram mais de 1,5 mil empregos.
Rede de Investidores
Embora não tenha a mesma força de ecossistemas mais maduros, como Alemanha e Reino Unido, a rede de investidores locais já reúne anjos e fundos preparados para apoiar startups em estágios iniciais. A Portugal Ventures, por exemplo, injetou mais de € 40 milhões em negócios criados no país. Já existem casos como o da Uniplaces (na foto), marketplace imobiliário que captou mais de US$ 30 milhões. O trabalho com linhas públicas de financiamento é uma característica observada em diversas gestoras locais.
Hubs de inovação
Além de reunir diversas comunidades de startups, os centros de inovação e os escritórios de coworking tiveram um papel essencial na revitalização de espaços urbanos da cidade. É o caso de projetos como Beta-i e Lacs, dedicados a negócios digitais e empreendedores da economia criativa. Outro destaque é o Hub Criativo do Beato, centro de inovação de 35 mil metros quadrados que está sendo instalado em uma antiga zona industrial. A rede local também inclui o Lispolis, parque tecnológico que promove a colaboração entre pesquisadores, startups e empresas.
Facilidade Operacional
Além do acesso à União Europeia, Portugal é um importante centro de conexões como continente africano. Os custos com mão de obra e infraestrutura são bastante competitivos quando comparados a cidades como Londres, Berlim e Paris. O idioma e a proximidade cultural tendem a facilitar a adaptação de produtos e equipes brasileiros ao mercado local. A mobilidade urbana é outra vantagem: a capital oferece uma rede de transporte pública ampla e eficiente, além de um aeroporto internacional localizado a menos de 30 minutos da cidade (com voos diários para o Brasil).
Agenda de Eventos
A parceria como Web Summit colocou Lisboa no calendário internacional de eventos de tecnologia. Em sua última edição, realizada no mês passado, a conferência atraiu um público de aproximadamente 70 mil pessoas— o impacto econômico foi estimado em € 300 milhões. Longe dos grandes palcos, a cidade abriga uma efervescente programação de palestras, meetups e workshops organizados por centros de empreendedorismo, órgãos de fomento à inovação e pela própria comunidade de empreendedores locais.
*O jornalista viajou a convite da Apex-Brasil
Reprodução de: Pequenas Empresas & Grandes Negócios | 11.02.2019 | Por Thomaz Gomes, de Lisboa*